(continuação)
Senti o seu corpo ficar tenso. O seu abraço continuava forte. Senti os seus braços envolverem o meu corpo, sufocando-me.
"-Porquê desculpa?!" - a minha voz saiu sumida, abafada pelo medo.
O seu corpo afastou-se um pouco. O nosso olhar encontrou-se, de novo.
"-Maria, tens 15 anos! Eu tenho 40. Não podemos, não devemos!"
Fechei os olhos. As lágrimas teimavam em sair. Não queria que me visse chorar. À minha memória vieram algumas das românticas heroínas, que povoavam a minha imaginação, que "saltavam" dos livros que folheava apaixonadamente.
Esta era a dor da rejeição, do incorrecto, que algumas vezes lera. Esta dor, insuportável que se alojou em meu peito, que me cortava a respiração.
"-Minha pequena, Maria. Que irei fazer contigo?"
Senti, os seus lábios tocarem os meus.
"-Anda! Temos que ir ver como está o teu pai. Ele está muito mal. Tens que ser forte!"
Não percebi porque estaria José a dizer aquelas coisas. "Ver o meu pai?" , "Ser forte?" não entendia.
Fomos andando pelo riacho. As nossas mãos iam juntas! Ia de mãos dadas com José! Não senti os minutos passar, nem tão pouco a beleza do riacho me cativava como em outros passeios. José falava comigo, mas o meu pensamento, o meu espírito encontrava-se lá atrás. Tinha ficado no sítio onde demos o nosso primeiro beijo. O meu primeiro beijo.
Senti a sua mão agarrar a minha fortemente. Olhei para ele.
"-Que se passou?"
"-Promete-me que vais ser forte!"
Não estava a entender o que ele queria dizer. Os meus olhos tentavam encontrar um ponto que me fizesse perceber o que se passava.
"-Maria, promete!" - a sua voz forte, possante, assustou-me.
"-Prometo."- respondi envergonhada.
Quando chegámos perto de casa, vi algumas pessoas à porta. Umas choravam, outras olhavam em silêncio para longe. "O MEU PAI!!!!".
Soltei a mão das de José, corri, corri até não poder mais. A ânsia de chegar a casa. Queria ver o meu pai. "O que se estava a passar?!".
Passei pelo amontoado de gente, empurrando alguns, tropeçando noutros. Não pedia desculpa, nem queria saber se magoava alguém. Entrei.
A minha mãe encontrava-se à cabeceira da cama onde o meu pai estava.
Senti a mão de José puxar-me.
"-Forte!" - ouvi ele dizer baixinho.
"-Pai, estou aqui."
Cheguei perto da cabeceira. As minhas mãos tocaram as do meu pai. Frias, gélidas. O seu olhar encontrou o meu. Tentou sorrir. O seu olhar sorriu ao ver-me.
"-Minha pequenina! Meu doce!" - a sua voz saía tão sumida. A sua respiração arfava.
"-Estou aqui, paizinho! Estou aqui!". Debrucei-me sobre a sua face. "Mil" beijos saíram dos meus lábios. Pequenas lágrimas caíam. Tudo o resto parou. Era só eu e o meu pai, ali. Nada mais existia. Aquele momento era nosso. Os nossos olhos "falavam" por nós.
"-Maria, serás sempre a minha flor, a minha fada."
"-Não fale, que se cansa."
"-Está aí o José?"
"-Sim, senhor. Estou aqui." - respondeu José, já perto de nós.
"-Sabes o que tens que fazer. Promete-me!"
"-Fique descansado! Tratarei de ambas."
"Tratar de ambas? Promessas?"- O que se estava a passar ali? Agora não interessava. Tinha que saber o que estava a acontecer com o meu pai. Ficar ali ao pé dele. Aconchegá-lo.
Senti a sua mão pegar a minha fortemente. Os seus olhos encontraram os meus. Amor, pena, tristeza. Tudo o que o seu olhar transmitiu. Agarrei-o bem forte. Os meus lábios repousaram suavemente na sua testa.
"Amo-te!!" - disse o meu pai, num som que só eu consegui ouvir.
Os olhos fecharam-se. Uma lágrima correu. Não se moveu mais.
"NÃO!!!!!!" - a minha voz soou tão forte como se rasgasse o meu peito pela dor que senti.
"-Porquê desculpa?!" - a minha voz saiu sumida, abafada pelo medo.
O seu corpo afastou-se um pouco. O nosso olhar encontrou-se, de novo.
"-Maria, tens 15 anos! Eu tenho 40. Não podemos, não devemos!"
Fechei os olhos. As lágrimas teimavam em sair. Não queria que me visse chorar. À minha memória vieram algumas das românticas heroínas, que povoavam a minha imaginação, que "saltavam" dos livros que folheava apaixonadamente.
Esta era a dor da rejeição, do incorrecto, que algumas vezes lera. Esta dor, insuportável que se alojou em meu peito, que me cortava a respiração.
"-Minha pequena, Maria. Que irei fazer contigo?"
Senti, os seus lábios tocarem os meus.
"-Anda! Temos que ir ver como está o teu pai. Ele está muito mal. Tens que ser forte!"
Não percebi porque estaria José a dizer aquelas coisas. "Ver o meu pai?" , "Ser forte?" não entendia.
Fomos andando pelo riacho. As nossas mãos iam juntas! Ia de mãos dadas com José! Não senti os minutos passar, nem tão pouco a beleza do riacho me cativava como em outros passeios. José falava comigo, mas o meu pensamento, o meu espírito encontrava-se lá atrás. Tinha ficado no sítio onde demos o nosso primeiro beijo. O meu primeiro beijo.
Senti a sua mão agarrar a minha fortemente. Olhei para ele.
"-Que se passou?"
"-Promete-me que vais ser forte!"
Não estava a entender o que ele queria dizer. Os meus olhos tentavam encontrar um ponto que me fizesse perceber o que se passava.
"-Maria, promete!" - a sua voz forte, possante, assustou-me.
"-Prometo."- respondi envergonhada.
Quando chegámos perto de casa, vi algumas pessoas à porta. Umas choravam, outras olhavam em silêncio para longe. "O MEU PAI!!!!".
Soltei a mão das de José, corri, corri até não poder mais. A ânsia de chegar a casa. Queria ver o meu pai. "O que se estava a passar?!".
Passei pelo amontoado de gente, empurrando alguns, tropeçando noutros. Não pedia desculpa, nem queria saber se magoava alguém. Entrei.
A minha mãe encontrava-se à cabeceira da cama onde o meu pai estava.
Senti a mão de José puxar-me.
"-Forte!" - ouvi ele dizer baixinho.
"-Pai, estou aqui."
Cheguei perto da cabeceira. As minhas mãos tocaram as do meu pai. Frias, gélidas. O seu olhar encontrou o meu. Tentou sorrir. O seu olhar sorriu ao ver-me.
"-Minha pequenina! Meu doce!" - a sua voz saía tão sumida. A sua respiração arfava.
"-Estou aqui, paizinho! Estou aqui!". Debrucei-me sobre a sua face. "Mil" beijos saíram dos meus lábios. Pequenas lágrimas caíam. Tudo o resto parou. Era só eu e o meu pai, ali. Nada mais existia. Aquele momento era nosso. Os nossos olhos "falavam" por nós.
"-Maria, serás sempre a minha flor, a minha fada."
"-Não fale, que se cansa."
"-Está aí o José?"
"-Sim, senhor. Estou aqui." - respondeu José, já perto de nós.
"-Sabes o que tens que fazer. Promete-me!"
"-Fique descansado! Tratarei de ambas."
"Tratar de ambas? Promessas?"- O que se estava a passar ali? Agora não interessava. Tinha que saber o que estava a acontecer com o meu pai. Ficar ali ao pé dele. Aconchegá-lo.
Senti a sua mão pegar a minha fortemente. Os seus olhos encontraram os meus. Amor, pena, tristeza. Tudo o que o seu olhar transmitiu. Agarrei-o bem forte. Os meus lábios repousaram suavemente na sua testa.
"Amo-te!!" - disse o meu pai, num som que só eu consegui ouvir.
Os olhos fecharam-se. Uma lágrima correu. Não se moveu mais.
"NÃO!!!!!!" - a minha voz soou tão forte como se rasgasse o meu peito pela dor que senti.
Autobiográfico, Carlota?
ResponderEliminarPedro: Nada disso! Muito longe!
ResponderEliminarInfelizmente para mim, não tive tempo de me despedir, aconteceu tudo muito rápido, rápido demais...
uma história que sigo antentamente. sempre desejoso de saber pais. Agora ao ler este novo capitulo, fiquei sem palavras. Consegui viver cada palavra, cada momento, cada sentimento...parabéns e obrigado
ResponderEliminarBj
Luis
Luís: Obrigado pelo teu comentário.
ResponderEliminarQuando comecei este pequeno delírio, nem eu sabia onde me levaria, e ainda não sei. Tem sido escrito ao sabor do vento...
Beijo
Adorei visita-la !
ResponderEliminarPermita-me segui-la !
um beijo!
Moisés Poeta, seja bem vindo!!
ResponderEliminarUm abraço!
Sem palavras Carlota, muito bom. Parabéns.
ResponderEliminar5 bjs
Cozinha dos vurdóns
Cozinha dos vurdóns um apreço enorme pela vossa visita.
ResponderEliminar5 beijos de volta!!
Sem duvida que este capítulo foi um pouco forte, e a menina consegue que nos envolvamos profundamente.
ResponderEliminarAdorei menina Carlota.
Anónimo.
ResponderEliminarForte ao ler, como forte foi ao escrever.