domingo, 28 de julho de 2013

Uma porta encostada

Imagem retirada da net
Quando o crepúsculo nos brindava com a sua chegada, era ali que esperava por ti.
Sentada na poltrona, uns dias lendo um livro, outros olhando o horizonte, ocupada em fazer passar o tempo enquanto esperava por ti.
Tanta vez ali repensei toda a minha vida, toda a nossa vida. Nunca, nunca me arrependi das escolhas feitas e se hoje pudesse voltar atrás não mudava nada.
"-Menina Matilde? Sou o Vicente, o novo motorista. Seus pais estão aguardando por si em casa. - Voltei-me devagar e quando o nosso olhar se encontrou o meu coração parou de bater alguns segundos e perdi os sentidos" - passado tantos anos ainda sorríamos ao recordar o nosso primeiro encontro.
As noites de inverno eram as mais dificeis, mas enroscada, tapada com a manta de lã, de gorro, luvas, botas era ali que esperava, sempre, por ti. A primavera brindava o nosso olhar com um mar infinito de cores, mas era o Outono com a sua paleta de vermelhos, laranjas, castanhos que nos fazia sonhar e acreditar sempre no nosso amor.
"-Matilde, minha belíssima Matilde. - e sentia a tua mão acariciar a minha face, o meu cabelo, enquanto os teus lábios procuravam os meus, e quando se encontravam, deliciavam-se no beijo mais terno, suave, que ainda fazia o meu coração bater forte."
Mesmo quando a guerra chegou, e te vi partir para longe sem saber se um dia voltarias, era naquele pequeno templo das minhas noites, que pensava em ti, sonhava contigo e no meu íntimo, ainda esperava por ti. Esperei, esperei, esperei dias, meses, anos por ti.
A primavera chegou há dias. O mar florido mais uma vez presenteou o nosso canto, como um quadro de Monet. 
As flores estão dispostas pelas jarras, o livro do momento pousado na mesa, a porta encostada esperando a nossa entrada. O quarto minguante brinda-nos com a sua presença. Sento-me na poltrona à tua espera, ainda espero por ti.
Devo ter adormecido, pois a aurora já se faz anunciar. Ouço passos bem perto. Levanto-me, olho em volta mas não vejo ninguém. Seria imaginação? Um sonho? Volto-me e sentado na poltrona estás tu. Voltas-te! Meu Amor, finalmente voltas-te! Corro para ti. Ajoelho-me à tua frente. Não me estás a ver? Estou aqui! Vicente, estou aqui! Pouso a minha mão sobre a tua perna. Nada sinto!
Ajeitas as flores na jarra, um pequeno toque no livro, endireitando-o na mesa. Na mesa ao lado, espreitas a jarra para ver se tem água suficiente, encostas a porta do mesmo jeito que eu encostava. Sentas-te. Olhas para mim e não me vês. "Estou aqui, meu amor!"
Uma lágrima escorre. Encosto a minha mão na tua face, limpando as lágrimas que escorrem. A tua mão vem segurar a minha.
"-Minha bela Matilde, tenho tantas saudades tuas, meu amor. Sinto a tua falta. Porque partis-te tão cedo?"

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Anokas - I "Jared Followill" eheheh



Parabéns aos avós e à minha mãe!!

Continuas tão presente na minha vida, no meu ser.
Recordo quando fazias a barba de manhã e eu ficava a olhar para ti, a sorrir, a ver-te ficar bonito, com a pele macia, e sonhava que um dia quando casasse também gostaria de ver o meu marido a barbear-se.
As tuas mãos delgadas, sarapintadas com sardas como as minhas estão a ficar.
O teu sorriso quando vias a família toda junta.
A tua curiosidade pelos vários aparelhos modernos que iam aparecendo.
Sinto saudades tuas, sinto saudades dos nossos momentos sentados, tapadinhos, cheios de frio (nunca ninguém percebeu o nosso frio), de braços cruzados a ver televisão.
O teu orgulho na mulher que me tornei.
Partis-te cedo demais. Tanto que tínhamos para conversar, sorrir, festejar as vitórias no nosso Glorioso.
Sinto falta do teu cheiro.

Continuas a matriarca que sempre foste e ai de quem te contraria.
Tivemos as nossas zangas (havia alguém que dizia que nos dávamos mal, por temos o feitio igual), as nossas tristezas, as nossas alegrias.
Hoje em dia dizes a mesma conversa várias vezes e eu respondo-te como se a ouvisse a primeira vez.
Gosto de sentir as tuas mãos pequeninas, que um dia já foram bem gordinhas, acariciar as minhas.
Gosto de sentir o cheiro da tua casa.
Gosto de sentir o sabor do teu pão com manteiga e açucar.
Gosto de sentir o teu abraço, e hoje sou eu quem te protege no meu abraço.

Cada um há sua maneira, fez de mim a mulher que sou hoje.
Mais do que meus avós, vocês foram e são os meus pais.
E como um festejo nunca vem só.
PARABÉNS MÃE!!!
Hoje em dia também avó, eheh

Kings of quê??!!

Até hoje deveria ser a única pessoa a nível mundial e talvez em toda a galáxia, a pensar que os Kings of Leon era um grupo de meninos para aí com 60 anos.
Quando vi quem realmente são, fiquei de queixo caído!!
Como me passou este fenómeno ao lado durante este tempo todo?!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Internamento mais querido do mundo

Ainda não contei aqui a aventura do meu internamento.
Para mim hospital, só para trabalhar e já não é mau.
Entro de urgência numa sexta-feira quente, sufocante, mesmo já depois do sol posto.
Porque será que: mulher jovem, com dor de barriga tem quase obrigatoriamente que estar grávida?! Teste de gravidez negativo, à palpação há queixas aquando da palpação na fossa ilíaca direita (zona do apêndice), ecografia pélvica, normal; análises quase normais onde ressalta o valor de PCR (sinal de alguma infecção no organismo) alterado
Como não se chega a nenhuma conclusão (apendicectomia realizada há 15 anos) e como estamos no interior e não há médicos a pontapés, fico em observação e à espera para fazer uma TAC (tomografia axial computorizada) para saber onde realmente é a dor e a infecção.
Acordo (acordam-me todos os dias às 6:20h da manhã) muito nauseada e começa a minha romaria diária, nocturna a caminho da casa de banho (ficámos íntimas amigas - neste tempo que estive internada devo ter sido a pessoa que mais visitas lhe fez).
Informação clínica actualizada, uma infecção na trompa de Falópio à direita. Mas que raio de sítio para ter uma infecção. Cinco dias internada com antibiótico tipo bomba nuclear para a infecção baixar. Resultado, visitas e mais visitas ao wc, nauseada, enjoada e a vomitar tudo o que tinha e o que não tinha, só não saiu foi a porcaria da infecção pela boca.
Passado 15 dias de ter saído e feita nova reavaliação, a infecção ainda cá está, no mesmo sítio, do mesmo tamanho, a rir-se de mim.
Dia 31 vou fazer a análise que vai decidir a minha vida no talho. Ou sai uma barriguinha aberta e salpinge cá para fora, como se de uma cesariana se tratasse ou a salpinge cá fica a viver comigo eternamente como um karma, pior que marido.
Durante este tempo já voltei ao serviço de internamento a matar saudades da minha wc mais querida.

domingo, 21 de julho de 2013

Imagem retirada da net

Mais um amanhecer.
Aqui estou, distante da vida normal, distante de qualquer vida.
Enraizada nesta terra que me consome pouco a pouco, sugando o meu ser, consumindo a minha alma.
Neste lugar cavernoso fiz a minha casa, o meu lar. Despojado de tudo, sentimentos, alegrias, cor.
É aqui, neste mágico lugar onde a bruma me acompanha e envolve com o seu manto humedecido, onde as árvores fantasmagóricas me protegem, as folhas secas servem de leito, que estou em casa.
A ponte que une as duas margens, é percorrida vezes sem conta durante o dia. Por momentos, páro a meio, sustenho a respiração até não poder mais, exalando lentamente, expelindo todo o ar possivel, para inspirar bem fundo o ar bafio envolvente.
Quando o entardecer chega, e os pirilampos se juntam para me iluminar, aguardo. É por este momento que espero.
Hoje não te vi chegar. Apenas senti o teu abraço envolver o meu corpo, sentindo os teus lábios saboreando o meu pescoço. Fechei os olhos e deixei-me levar...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Letras e números

CA 125.
Estas são as letras e números que irão acompanhar o meu pensamento durante os próximos dias.
Pensamento positivo!!!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Luar roubado

Imagem retirada da net
Brindas a minha noite com os teus raios cor de prata, brilhantes.
É na solidão do meu quarto que todos os desejos, sonhos, se tornam reais.
Deitada sobre a minha cama, o lençol envolve as minhas pernas, deixando o restante corpo desnudo. A noite está quente. O sono teima em chegar.
A mão desliza pela almofada, pelo lugar vazio que se encontra ao meu lado. Fecho os olhos tentando imaginar o teu corpo, o teu cheiro, aqui. Os braços agarram a almofada e deixo os lábios saborear um beijo imaginário...
Suavemente sinto a tua mão deslizar no meu corpo, passando a um toque possante que faz estremecer o meu ser.
Não quero abrir os olhos, quero continuar a sonhar, desejo, quero!
Envolves os meu corpo despido nos teus braços. Sinto o teu corpo quente, ardente, ardendo de paixão.
Saboreio os teus lábios, sentindo o teu beijo ofegante. Estou a sentir!
Não consigo fazer nada a não ser sentir, o teu toque, o teu corpo, o teu beijo, o teu desejo entrar dentro de mim.
Amas o meu corpo, enquanto o luar vai desenhando os nossos corpos envoltos pelas paredes, pelo chão.
É ele que te trás até mim.
O sol entra pela janela, acordando-me. Não quero olhar para o lado e ver a cama vazia. Lentamente a minha mão desliza pelo lençol vazio. Saio da cama, do quarto, deslizando o meu corpo pelo corredor escuro. Subo as estreitas escadas interiores, que me levam até ao sótão. Ao abrir o pequeno alçapão vejo o quarto minguante roubado na noite.
Sendo ele que te trás até mim, agora tenho-te tantas as vezes que desejo.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Estar doente, dói!

Como seria bom chegar, sem nunca ter que partir.

Os últimos dias não têm sido bons. Depois de uma semana internada a perspectiva de operação ainda paira no ar e a dor continua. Aguardemos então até sexta-feira, dia do verídicto final.
Muitas ideias, muitos bilhetes escritos espalhados pela mala, um conto a tomar forma, mas sinto-me em baixo ainda.
Tive miminhos dos amigos, dos daqui, do facebook.
Saudades dos tempos em que conseguia publicar um post todos os dias.
Obrigado a quem me visita.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Parar o tempo

Gentilmente cedida por Dias Miguel

Queira fazer parar o tempo aqui, agora, neste momento para sempre.
Quantas são as noites que espero ansiosa por te conseguir ver, nem que seja lá longe no horizonte, como estás neste momento.
Inundas o céu com os teus cálidos raios, tocando possantemente as nuvens que teimam em atravessar o teu caminho, colocando-se entre nós.
Acordei à pouco sentindo a leve aragem que do teu ser exala enquanto avanço pela estrada solitária que percorro todas as noites.
Por vezes as estrelas saltitam entre si, tentando alegrar o meu mundo. 
Outras vezes, um meteoro mais distraído passa mais perto, deixando um raio de luz atrás de si. É nestas alturas que alguns mortais aproveitam para pedir um desejo, desejo esse que nunca se concretizará, mas que os faz acreditar no momento mágico. Também eu por vezes peço um desejo. O mesmo desejo desde que me conheço."Parar o tempo aqui e agora neste momento, poder avançar e com a minha luz abraçar os teus raios, chegar o mais perto de ti e sentir o teu beijo. Uma única vez!"
Mais uma vez o teu belíssimo crepúsculo presenteia a minha chegada com deleitoso espectáculo.
Envergonhada minguo, chorando lágrimas de prata que voam pelo universo