sexta-feira, 21 de junho de 2013

Escondido pelos medos

  São Jorge na Floresta ou São Jorge e o Dragão (1510)
                                      Albrecht Altdorfer           
                                    Pinakothek, Munich

Por vezes o tempo passa tão rápido, tão rápido como o relampaguear que ilumina algumas das noites que têm passado pela minha vida solitária. Outras vezes lento como o passo do caracol.
Perdido, solitário, diria mesmo abandonado desta vida e de todas as outras que perdi em toda a minha existência. Minha alma vagueia pelo tempo, por lugares muitas vezes desconhecidos, sem no entanto nunca sair deste local onde me encontro. Um pequeno bosque, denso, que não me deixa visualizar outras paragens reais.
Certos dias sinto que me vigiam, que acompanham todos os meus passos, todos os meus delírios, gritos, anseios, desejos. Quem são? Não sei. O que são? Também não sei. Apenas sei que sinto o seu olhar penetrante pelo meu corpo.
Cavalgo calmamente sentindo a brisa fresca do final do dia que corre pela minha face. Sinto o olhar penetrante de novo, mas hoje, atacarei os meus medos e libertar-me-ei de todos os meus medos, todos os meus anseios.
De espada em punho, embrenho-me pelo espesso arvoredo procurando, quem me procura. Ao meu olhar surge um dragão. Um dragão que cresce ao meu medo. A luta adivinha-se feroz, perigosa. Fecho os olhos e sigo em frente. 
O combate termina com a espada trespassando o escamoso corpo.
Sinto o meu ser, a minha alma ficar leve. Pouco a pouco o dragão fica pequeno até desaparecer. Surge então uma pequena clareira, convidando-me a passar, descobrir o mundo, deixar para trás os meus medos.
Não olho para o que foi deixado atrás. Confiante, sigo em frente, aguardando novas batalhas.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dia Mundial dos Refugiados

Hoje comemora-se o Dia Mundial dos Refugiados.

De olhar triste, olham as estrelas no céu
Sonham com a casa que ficou distante
Marejados olhos com lágrimas de saudade
Não merecem tanta crueldade

Observam ao longe a Terra que os viu nascer
Terra essa que os obrigou a fugir
Por ela desejam um dia voltar
Caminhar, seguir, e talvez nunca mais partir

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Oh meu Rico Santo António - Reeditado

Oh meu rico Santo António
Santinho da minha devoção
Não me arranjes já marido
Não me quero casar, não!

Roupa lavada e comida já prontinha
Todos querem de bom agrado
Mas ajudar aqui as meninas
É pior do que mau olhado!

No início tudo é bonito
Das flores, ao beijo "roubado"
Depressa esquecem os miminhos
E procuram outro achado

Nas noites de bailarico
Gosto da bela sardinha assada
Comprar uma rifa e sair um mangerico
E chegar a casa toda amassada

Mas a noite já passou
E o meu santinho que bem se comporta
Perto do meu coração
E homem longe da minha porta!

Primavera = Inverno

A neblina cerrada continua a inundar as minhas madrugadas.
Paisagens fantasmagóricas que envolvem o meu ser.