domingo, 31 de julho de 2011

MUSE - Neutron Star Collision (Love Is Forever)



Um novo grupo que "me apaixona" a cada música que edita.
Aliar a música e vampiros(sangue) recorda-me o meu serviço. Cruzes canhoto, agora não que estou de férias!!!!
Matthew Bellamy, Dominic Howard e o espectacular Christopher Wolstenholme

sábado, 30 de julho de 2011

U2 - Electrical Storm



De férias mas não me esqueci de vocês!!
Todos os dias aparecerá uma música. Espero que não se esqueçam de me visitar.

Para começar, os homens que me fazem sonhar quase à 30 anos.
Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr.
É por isto que a Irlanda me fascina, eheheheh

sexta-feira, 29 de julho de 2011

:

Offline por tempo indeterminado...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A vaidosa avestruz foi surripiada à amiga Mané.
O desenho como sempre pertence ao devaneio da minha pessoa.
Devaneio e falta de jeito.
Acho que um desenho por semana, vocês aguentam, não???

terça-feira, 26 de julho de 2011

A Praia da Minha Vida

Escolhi o dia de hoje para escrever sobre a praia da minha vida.

Hoje por ser o dia de anos da minha mãe, e ao mesmo tempo o dia dos avós.

Avós esses, que tentaram cada uma à sua maneira, moldar a mulher que hoje sou.

Quem me conhece pessoalmente, ou mesmo até por aqui, sabe que os meus avós foram pessoas muito importantes no meu crescimento.

Moro no interior alentejano, por isso, por aqui, o que mais se aproxima de praia são as barragens.

Os tempos eram bem diferentes de hoje em dia.

A Nazaré com a sua praia, era o que ficava mais perto de Portalegre. O dinheiro não abundava. E para irmos todos à praia ficava dispendioso.

Íamos um dia à Nazaré em excursão. Saímos bem cedo e regressávamos só à noite.

Mas não, de facto a praia na minha vida, não é a Nazaré.

A minha avó mora numa casa, que se encontra rodeada por um pequeno pátio.

Era ali, debaixo de uma videira com os seus cachos de uva dependuradas, com o pessegueiro carregado de pêssegos, a macieira com as suas maçãs saborosíssimas, que eu estendia a minha toalha de praia.

Primeiro era o banho da mangueira, que servia para regar o pequeno jardim. Nos dias de mais calor, o pequeno tanque para lavar roupa também servia para me refrescar.

E depois pegava num livro e era apanhar banhos de sol, com alguma sombra à mistura.

Adorava a minha praia. A praia da casa dos meus avós.

Qualquer dia, hei-de ir de novo à minha praia e levar os meus filhos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um Delírio XVII

Tomás da Assunção
Vista da Penha de França - 1857


(continuação)

Pela primeira vez em toda a minha vida, sentia-me desconfortável. Estar ali, na presença daquela criança, mexeu comigo, com o meu ser, com o meu íntimo.
Nem mesmo, quando sofrera o maior desgosto de amor. O qual me fez ingressar numa guerra que não era minha, viver uma vida de dor, mágoa, morte, passar os maiores horrores. Horrores esses que me acompanhariam por toda a vida.
"-Obrigado."
Meu Deus até a sua voz, era voz de anjo. Um anjo que me protegeu, me encaminhou a casa. O anjo com o qual sonhei mais de 5 anos.
Saíra de Portugal há alguns anos. Um pouco afugentado por um desgosto amoroso. Pensara eu que a fuga seria libertadora e no fim foi mais uma prisão eterna.
Quando era moço, tinha como pretendente a casamento, uma moça da aldeia vizinha. Casamento já combinado entre as nossas famílias. Era uma moça bonita, robusta, uma moça do campo. De manhã, acordava a pensar nela, passava o dia a suspirar por ela e à tardinha quando a ia visitar, o meu coração quase que saltava pela boca. As mãos tremiam, a voz saía um pouco atabalhoada. Nada saía como devia ser e ela sorria. Pensava eu que sorria da minha atrapalhação que eu dizia que com o tempo passaria, que eu não era assim, ficava assim perto dela.
Todo o final do mês, metade do dinheiro que recebia da vida agrária, entregava ao pai dela, que aos poucos nos ia construindo a casa que um dia seria nossa. As nossas mães entretinham-se nos dias de feira a comprar os tecidos mais bonitos, as rendas mais bonitas para compor o enxoval.
Os meses foram passando.
Certa tarde de verão, perto do dia do nosso casamento, e como já tínhamos "ordem" para passear um pouco pela aldeia, fiquei mais à vontade e quando nos íamos a despedir, "roubei-lhe" um beijo. Ela fugiu para casa. Tentei falar com ela, pedir desculpa pelo sucedido. Não sabia se tinha ficado ofendida comigo. Afinal dali a um mês íamos casar.
Durante uma semana não soube nada dela. O pai dela veio a minha casa e disse que ela estava doente. Já tinham ido ao médico, não era nada grave, mas precisava repousar.
Fiquei preocupado. Teria sido o beijo que a tinha posto doente??
O dia amanheceu cinzento.
Dias antes, tinha visto chegar à loja do sr. Janeiro, uma peça de chita. A mais bonita que tinha visto até então. Resolvi logo ir comprar um pedaço para oferecer à minha noiva. Podia ser que ela quisesse falar comigo e assim saberia se já estava melhor.
O embrulho debaixo do braço, deixava todas as moças da aldeia a olhar a pensar no que levaria ali. Os homens cochichavam à minha passagem. Naquele dia sentia-me um homem importante.
No caminho para casa da minha amada, começou a chover. Uma chuva miudinha no inicio, passou a tormenta em poucos minutos.
Ao passar pelo moinho abandonado, ouvi vozes. Ao início não consegui perceber quem eram. Sorriam, falavam baixo, mas houve um barulho mais imperceptível que fez com que me aproximasse. Uma respiração ofegante! Duas respirações ofegantes!
Entreabri a porta e vislumbrei dois corpos deitados, despidos. Entrelaçavam-se braços, pernas. Um homem e uma mulher, sem dúvida.
Ali estava um casal em pleno acto amoroso.
Fiquei envergonhado por ter observado um acto íntimo na vida de um casal. Tentei sair sem que percebessem a minha presença. Ao tentar sair, nem reparei que a porta se tinha fechado e bati nela com toda a força. Senti as duas pessoas a olhar para mim, e quando entreabri os olhos fiquei petrificado, paralisado. O meu corpo, o meu ser, a minha alma, o meu coração morreu naquele momento.
Com o cabelo desalinhado, as faces ruborescidas, o corpo suado, ali estava a minha noiva. A noiva que eu pensava doente. A noiva a quem tinha comprado um peça de chita lindíssima. A noiva a quem prometi amar toda a vida. Entregar-lhe a minha vida, o meu amor e ela ali estava a entregar-se a outro.
Abri a porta e saí. Corri, corri. A chuva molhava o meu corpo. As lágrimas molhavam a minha alma. Parei perto do riacho, o meu riacho e gritei até não poder mais, até a voz já não conseguir sair. Fechei os olhos. Naquele momento o meu ser acalmou, senti uma paz imensa. A dor que sentia, passou. A olhar para mim, encontrava-se uma criança. Abri os olhos e não vi ninguém.

(continua)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Aqui lhes apresento a segunda obra prima.
O gatinho é da responsabilidade do sr. D (3 anos) o resto é devaneio da mãe.
MJ o teu ratinho poeta quererá esta companhia???

quinta-feira, 21 de julho de 2011

30 Seconds To Mars - From Yesterday



Hoje só quero mostrar isto.
A inspiração está OFF.

quarta-feira, 20 de julho de 2011



E para comemorar o Dia Internacional da Amizade, fiz este desenho para todos os meus amigos.

O que um scaner, umas rosas secas, e falta de jeito para o desenho pode fazer.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pedidos




Quando não se tem imaginação

e nada sai do nosso pensamento

Fica triste o nosso semblante

Precisamos e depressa, de um encantamento



Pode vir a bruxinha mais feia

Ou quem sabe, até a mais engraçada

O pensamento anda pelas ruas da amargura

E os dedos entrelaçados numa meada



Pode até aparecer a fada-madrinha

Com a sua varinha de condão

Dar aqui à menina um príncipe com castelo

Uma praia, e muita imaginação

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mãe-Galinha - O dia do Julgamento

Hoje é só para comunicar que a minha princesa, já está em casa!!!

Gostou mais do que eu estava à espera, e pareceu-me, foi só parecer que falou qualquer coisa em querer ir estudar para Lisboa, não com vinte e tal anos, mas sim daqui a um ou dois, nem tomei muita atenção à conversa. eheheh




Não tem nada a ver com o assunto, mas sabiam que nas touradas há Barbie´s???!!

Não sabiam?? Eu também não, mas o meu pirata lá as/os viu.

Os capinhas com as suas capas abertas a arrastar pelo chão, tipo em leque. Ehehehehe



Isto está pior que a sequela do Exterminador...

sábado, 16 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Passatempos

Os longos dias de Verão, têm destas coisas.

Terça-feira e à custa do blog "Cozinha dos Vurdóns" foi dia de dança flamenca.

Ontem o fim de tarde foi mais voltado para o lado masculino da família. Voltar a colocar em prática os ensinamentos futebolísticos.

A versão Fábio Coentrão do Alentejo, nos idos anos 90. Uma lesão no joelho afastou-me de um futuro, quem sabe no meu Glorioso, mas para isso tinha que ser homem, pronto, foi um sonho.

O rebento é que é mais dado para os lados da baliza. gosta de defender, mas tem que lá haver baliza. Mas não liga muito. Gosta mais de vassourar a bola. Tenho que lhe comprar uns patins, para ver se crio um hoquista, eheheheh, benfiquista, claro!!!

Ao Poder!!!



O poder do Arco-íris.

O arco celeste fez magia.


Falcão - 1!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Abandono


Gelado se encontra o meu corpo, assim como a minha alma.
Perdida de ti.
É dolorosa a perda que sinto na minha vida.
O vento continua a soprar forte.
Aos poucos o meu corpo, enfraquecido, rasteja pelo chão áspero onde me encontro. Pequenos rasgos, fazem verter sangue. O sangue que vai servir de alimento a pequenas larvas que me tentam consumir até à alma.
Tento colocar-me de pé. Tenho que conseguir!
A chuva continua a cair intensamente. O vento arrasta consigo pequenos galhos, que passam por mim, ferindo-me.
Sigo, devagar.
O meu pensamento está em ti.
O meu desejo está contigo.
As lágrimas teimam em cair, saudade, desejo...
Onde te encontras?
Onde te deixei?
Onde me deixas?

Mãe-Galinha Parte II

Enquanto metade do meu coração anda por Lisboa a desfilar a beleza, a outra metade ficou a reclamar a atenção, os miminhos só para si.

A metade que cá ficou, ontem à noite, entrou em contagem decrescente para o enfarte.

Tem 3 anos, é muito reguila, muito irrequieto, muito falador, muito observador, mas ao mesmo tempo muito meiguinho.

Na sala do infantário há 17 crianças, 3 das quais são meninos e o resto são meninas. Isto já assim anda à dois anos. O meu coração de mãe, ficou logo a pensar "Ou saí daqui um mulherengo ou um maricas!", com tanta mulher a atasanar-lhe a paciência.

A Joana desde o início tem sido a preferida. É a "namorada". Fala muito dela. Quando o vou buscar à escolinha, está perto dela, brincam muito, falam, enfim quase tudo o que os namorados fazem. Até um beijinho na boca sai às vezes na hora da despedida.

Ela esteve 15 dias de férias e agora percebi o mau humor dele, quando chegava a casa.

Regressou na segunda feira e ontem à noite ele disse-me que tinha saudades da "Roana" como ele lhe chama. Deve ser algum miminho entre "namorados", eheheheh.

Disse-lhe que amanhã a ia ver, brincar com ela. Que ela era a namorada dele. Ao que ele respondeu. "Não. É a minha marida!!" EH pá! "Marida!"

O meu coração enfraquecido acho que até parou.

O que fizeram eles no escurinho, quando dormem a sesta?!? Não se passa assim de namorada a marida, sem haver algo mais!!!
Pronto é desta que o pai dela, lhe manda abrir uma cova, eheheheheh!!!
Não pensem já em desgraças, o sr. é o chefe dos coveiros eheheheheh!!!

Adele - ''Someone Like You''



I heard that you’re settled down.
That you found a girl and you’re married now.
I heard that your dreams came true.
Guess she gave you things I didn’t give to you.

Old friend, why are you so shy?
It ain’t like you to hold back or hide from the lie.

I hate to turn up out of the blue uninvited,
But I couldn’t stay away, I couldn’t fight it.
I hoped you’d see my face & that you’d be reminded,
That for me, it isn’t over.

Nevermind, I’ll find someone like you.
I wish nothing but the best for you too.
Don’t forget me, I beg, I remember you said:
“Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead”
Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead, yeah.

You’d know how the time flies.
Only yesterday was the time of our lives.
We were born and raised in a summery haze.
Bound by the surprise of our glory days.

I hate to turn up out of the blue uninvited,
But I couldn’t stay away, I couldn’t fight it.
I hoped you’d see my face & that you’d be reminded,
That for me, it isn’t over yet.

Nevermind, I’ll find someone like you.
I wish nothing but the best for you too.
Don’t forget me, I beg, I remember you said:
“Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead”, yay.

Nothing compares, no worries or cares.
Regret’s and mistakes they’re memories made.
Who would have known how bittersweet this would taste?

Nevermind, I’ll find someone like you.
I wish nothing but the best for you too.
Don’t forget me, I beg, I remembered you said:
“Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead”

Nevermind, I’ll find someone like you.
I wish nothing but the best for you too.
Don’t forget me, I beg, I remembered you said:
“Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead”
Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead, yeah.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um Delírio XVI

Woman in a Boat - Renoir 1867




(continuação)


À minha frente encontra-se o rosto que me fez viver. O rosto pelo qual eu prometi a mim mesmo que iria conhecer.

Sempre pensei que seria o rosto de um filho meu, de uma filha à muito desejada, quem sabe com a moça dos aerogramas.

Tantas vezes que me deitara a pensar, falar com aquela criança. Aos poucos fui-me "apaixonando". Era a minha confidente das alegrias, das tristezas, das perdas, dos sonhos, dos desejos.

Nas noites mais tenebrosas de conflito, sentia que algo me dizia o que fazer, como fazer, onde me esconder, quando disparar. Era aquele olhar que via, quando fechava os olhos.

Por cada camarada perdido, por cada dor sofrida, por cada pesadelo era por aquele olhar que queria viver.

Mesmo ao chegar a Portugal, a perda que tinha sofrido com a moça dos aerogramas, foi compensada pelo rosto.

E, agora estava de volta a casa, à terra das minhas gentes e ali estava o rosto, o corpo. O corpo de uma criança que não deveria ter mais do que 10, 11 anos. Fiquei confuso.

Como pode aquele rosto estar ali? Era o rosto da minha filha!

Senti o chão fugir. Caí. E essa queda foi muito dolorosa de sentir. Era impensável o que estava a acontecer. Quem seria aquela criança? Sempre era uma criança que eu via. Mas não era minha filha. E já lhe tinha um amor tão grande. Mas ela existe!

"- Não te asustes! Não te quero fazer mal."

Como poderei um dia chegar perto, se ela foge com medo?

O meu olhar foi ao chão. Perto onde ela estava, estava uma sacola. Fugiu com medo e esqueceu-se da sacola. E agora, como a encontro para lhe a entregar?

Fui andando até à casa de meus pais.

Os meus pensamentos estavam a passar tão rápido por mim, que não os estava a conseguir ordenar. " O rosto não é da minha filha! O rosto é de uma criança da minha aldeia! Como será possível eu conhecer esse rosto? Porque? Porque? Quem?" Queria fugir dali. Os meus pés levavam-me por caminhos que o meu corpo não conhecia.

Debaixo de uma laranjeira, estava a menina que vira antes.

Tinha que ir ter com ela, saber quem era.

Ao chegar perto reparei que tinha os olhos fechados, parecia que estava a dormir.

Ao sentir os meus passos, abriu os olhos. Aqueles olhos lindíssimos que tanta vez imaginara. Estavam assustados! Eu estava a assustar a minha menina!

"-Olá! À pouco, deixaste a sacola perto do riacho." tentei fazer o meu melhor sorriso para não a assustar.


(continua)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mãe-Galinha!!!

Metade do meu coração foi ontem para Lisboa e por uma semana. Uma eternidade para este coração de manteiga já derretida.
A minha princesa numa cidade gigante.

A "recompensa" por ter transitado de ano, e com boas notas (podia ser melhor a matemática e inglês), mas pronto passou com média de 4.
Todos sabemos que um dia, eles vão sair debaixo da nossa asa, mas está a ser muito complicado digerir ou será dirigir??!! esta situação.

Ele vai ser aulas de dança, praia, atelier de pintura.
Ainda ontem quando liguei estava a comer crepes. Comer crepes, onde?? Sozinha?? Com quem??? Na rua, aquela hora??? Aiaiaiai!!! Onde está a próxima camioneta para Lisboa???

A noite foi complicada. Só pesadelos. Estava sempre a acordar, mexia-me muito na cama. Um martírio.
De manhã, lá fui ao quarto da princesa, mas ela não estava. Até tive saudades do mau humor matinal para acordar. Tem a quem sair, eheheh ao pai!! É mentira sai à mãe.

Hoje já enviei mensagem. Não quero estar sempre a ligar, embora a vontade seja essa, pois vai estar acompanhada de meninas e meninos que ela não conhece, uns mais novos, outros mais velhos, mas também com família, mas não é a mesma coisa. Falta lá a mãe.
Será que ela também está a sentir saudades de nós, como nós dela?!?

Ainda só passou um dia, mas o coração está a entrar em colapso de tanta saudade...


Nota: Nome alterado aconselhado pelo amigo Pedro!!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um Delírio XV

Galatea de las Esferas - Salvador Dalí
(1952)


(continuação)

"José"

Nos últimos dias tinha reparado que Maria não estava bem. Mesmo com os miúdos andava um pouco mais irritada. O dia a dia da casa, os míudos, deixavam-lhe pouco tempo para si. Mesmo a leitura de que gostava muito era feita pelas altas horas da madrugada. Continuava linda como no dia em que tinham casado e nem o nascimento dos três filhos lhe tinha retirado a figura esbelta de outros tempos.
Sabia que a enorme diferença de idades tinha sido um obstáculo no início, mas com o tempo foram sabendo contornar essa diferença.
Ainda se recorda do primeiro dia em que a tinha visto. Tinha chegado de África à poucos dias. A guerra tinha destruído tudo de bom que existia. Agora só pensava em regressar a casa, para junto de seus pais e tentar ser feliz. Como se isso fosse possível, depois de tudo o que tinha passado, visto e vivido.
Durante a guerra e na altura em que os confrontos eram mais intensos, fechava os olhos e via um riacho, via uma carinha a olhar para si, um rosto de criança. E era aquele rosto, a tentativa de um dia o ver realmente que o fazia acreditar que iria sair dali com vida. Que iria voltar à terra. Sempre pensou que aquele rosto, seria o rosto de um filho seu.
Vira tantos camaradas seus sucumbir mesmo ao seu lado. Alguns ficavam ali, assim, sós, abandonados. Poder-se-ia voltar mais tarde para os conseguir sepultar . Outros ainda dava tempo de os levar, para serem entregues às famílias em Portugal.
Durantes anos o martírio da guerra ofuscou a sua alegria, a sua vida, a sua alma. Aos poucos sentiu morrer o seu interior.
Chegou a Portugal. E esse Portugal que deixara anos antes, não era o mesmo que encontrava.
Durante algum tempo tinha trocado alguns aerogramas com uma moça. Era ela que fazia a ligação entre o Portugal que conhecera e que queria lembrar naquela região árida, bárbara.
Pensava que seria ela a mãe dos seus filhos, a mãe daquela carinha que para si olhava perto do riacho.
Que tolo, que parvo ao pensar que ela estaria à sua espera. De facto, até estava, mas acompanhada pelo respectivo namorado que, vim a saber que era muitas vezes quem ditava o que ela escrevia, e eu a pensar que estaria à minha espera.
Decidi ir para a terra o mais rápido que pudesse. Queria refugiar-me. Refugiar-me nos campos que conhecia, nas gentes que conhecia, na terra, na noite, no ar, no cheiro da minha juventude.
A viagem na camioneta era cansativa, mas naquele dia "bebia" todas as paisagens, todas as searas, todas as árvores, todos os caminhos que me levavam a casa.
Saí um pouco antes, e fiz o resto do caminho a pé.
Ouvi o riacho a correr e encaminhei-me para uma das várias entradas que tinha. Parecia mais belo do que noutros tempos. Estava ali o riacho dos meus sonhos, dos meus desejos.
As lágrimas teimaram em sair descontroladamente. Era ali! Estava ali! Em casa. Finalmente em casa. Só faltava o rosto.
Ouvi uns passos e voltei-me!
Pelo mesmo caminho por onde tinha vindo, caminhava uma menina.
Quando os nossos olhos se encontraram, vi o rosto com o qual tantas vezes sonhara.
Ela existe! Ela existe!
(continua)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não perca!!

A SUL

exposição de Adalrich Malzbender

CASA DAS ARTES MÁRIO ELIAS

de 6 a 31 de Julho


A pedido da minha amiga Mané, aqui fica a informação.

Um Delírio XIV




(continuação)



Ricardo tinha perguntado por mim!!

"- Entrego para o mês que vem. Pode ser que o sr. Meireles venha." - respondi, mais para tentar desviar a conversa pois sabia que isso não seria verdade.

"- Mesmo assim, o sr. Ricardo enviou outro livro para leres e disse que poderias entregar os dois para o mês que vem."

Peguei no livro, mas nem olhei para a capa. Mais tarde veria com mais atenção. Ao colocá-lo em cima da mesa, caiu um envelope.

"-Um envelope?!!!"- pensei. O meu coração acelarou.

José baixou-se e segurou no envelope.

"- Isto caiu do livro e tem escrito o teu nome. O que se passa Maria? Porque este envelope tem o teu nome? Porque não foste entregar o livro?" - perguntou José, saindo a sua voz num tom cada vez mais alto, mais alterado.

"- Não sei." - respondi sem saber o que mais dizer ou fazer.

Vi as mãos de José rasgar o envelope bruscamente. As sua mãos seguravam uma pequena folha. Os seus olhos encheram-se de lágrimas, amachucou o papel, e saiu.

Levantei-me da cadeira, os meus pés não conseguiam coordenar os movimentos até à porta da rua. "Meu Deus, o que estaria escrito naquele papel? Onde foi José?"


(continua)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Carga Policial II

Nota: Esta imagem foi retirada da net, não tem nada a ver com o post.

Acho que até se me parou a digestão.
Estava eu muito compenetrada no meu serviço, quando pára a carrinha da polícia (digo Ramona) em frente à minha janela.
Saltam (mas é que foi mesmo saltar) de lá dois manfios, quer dizer dois polícias, de uma molhada de cinco. Pensei logo."O que terei feito?!"
Ele era farda de intervenção, pistola, algemas, uma bolsinha que fiquei intrigada do que seria, e sei lá mais o quê.
O pavor assolou o meu corpo, a minha alma.
À minha cara de pânico, vislumbro uma cara sorridente a perguntar se sábado íamos a M. fazer colheitas.
"-O quê?!?"
Então saltam dois manfios de uma ramona para me perguntar se sábado vamos a M, fazer colheitas????
Ora vão trabalhar, seus vadios!

PS: Só para dizer que são os mesmos que no início do ano, vieram pedir os calendários.
Depois desta é que me vêm prender de verdade, ehehehe

sábado, 2 de julho de 2011

MC - Trilho das Azenhas-Montalvão

Perdidos por longínquos trilhos
Neste caminho me fui encontrar
Aqui do cimo tudo vislumbro
Só, pronto a abandonar

Em tempos que já lá vão
Fui o mais forte no montado
Na minha sombra viveram-se vidas
E de vidas fui abandonado

Em templos que foram de glória
Frondoso foi o meu viver
Agora só eu me encontro
Abandonado até morrer

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Bens " de coração

É por dias como este que vale a pena vir trabalhar!!
Aiaiai, o meu coração!!! Entrou numa arritmia desenfreada.
E, mais não digo!