Assim como se de uma mentira se tratasse, ela chegou.
O final do dia de ontem, fez anunciar a sua chegada, a aragem fresca, húmida, o cheiro da terra molhada, embora não houvesse sinal algum da sua presença.
O corpo repousava serenamente na cama. Os cabelos emaranhados em cima da almofada, os braços dobrados por baixo da almofada. Primeiro foi o cheiro que despertou os meus sentidos. Água!
Cheirava a água, não uma água caída do céu sem nexo, cheirava a água que caía na terra, terra essa que há meses que ansiava o seu toque. Um toque suave. O toque da água a entrar pela terra, escorrendo, percorrendo caminhos secos, agrestes. As raízes agitam-se, tentando sugar o mais rápido possível as pequenas gotas que passam por perto. Meses e meses de grande seca.
Mais em cima, as árvores, as plantas dançam! Todos os movimentos graciosos com o único objectivo de conseguir apanhar a maior quantidade de água possível. Agora sim, de novo brilhantes!
Levantei-me, encaminhei-me para a janela. O dia estava a nascer. A chuva caía, uma pequena neblina assolava a paisagem até onde a minha vista alcançava. Não estava a sonhar! Não podia ser mentira do 1º de Abril. Está de facto a chover. Abri a janela e estiquei os braços, que aos poucos foram ficando molhados. Parecia que a chuva, tal como fazia no interior da terra, entrava pela minha pele, tentando chegar à corrente sanguínea. Fazia-me falta, sentir a chuva no meu corpo. Aos poucos as mãos, depois os braços, e por fim todo o corpo ficou frio. Mas um frio que soube tão bem.
Fechei a janela, deixei a cortina aberta e fiquei a ver a chuva cair.
Voltei a deitar-me e adormeci.
Abril, águas mil
ResponderEliminarAcorde.
Carlota,
ResponderEliminarPor aqui também choveu, embora pouco. Mas foi o suficiente para despertar o cheiro da terra, envolvido em penetrantes aromas de primavera.
Um belo texto, o seu!
Beijo :)
Rogério.
ResponderEliminarEla chegou, mas foi por pouco tempo. As núvens estiveram presentes todo o dia, mas água só durante a manhã
Beijo
AC.
ResponderEliminarPor aqui também foi pouco, mas deu para sentir o cheiro, "matar" saudades.
Beijo :)
Que bela manhã!
ResponderEliminarOntem, quando acordei e espreitei pela janela, vi o telhado da minha vizinha muito branco! Tinha nevado! Mas depois, com o sol, foi-se derretendo até não ficar qualquer vestígio dela. É assim o clima nesta bendita cidade! : ) nDe 25 passa-se para 12, depois pelos 4 para voltar aos 10 e estamos numa montanha russa de temperaturas! : )
Bonito texto, Carlota.
Pelo que tenho lido, estava a ser basante necessária.
ResponderEliminarBeijinho
Catarina.
ResponderEliminarComo sabe, por aqui foi um inverno muito seco. A água faz muita falta. Nota-se pelos campos, as colheitas rente ao chão, os animais com pouca pastagem, magrinhos.
Mesmo se estivsse um mês inteiro a chover não sei se adiantava muito.
Beijo
Pedro.
ResponderEliminarmuito necessária mesmo.
Beijo
Ainda bem que choveu no nosso Alentejo: precisa disso como "nós" precisamos de pão para a boca, não é?
ResponderEliminarE os animais, bem lembras tu...
Aqui choveu pouquinho, mas houve uma trovoada com um relâmpago mais um trovão tal que tudo estremeceu!
beijos