segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vindima

Ler o blog de um dos meus seguidores, fez-me recuar no tempo.

Finais de Setembro, a escola ainda não tinha começado. Eram os últimos dias de férias.
Antes da vindima, preparavam-se os cestos, os apetrechos, combinavam-se os turnos, e quem fazia o quê. Como sempre, deixavam-me de fora. Andava sempre a cirandar de um lado para o outro, queria ver como era, queria fazer parte do mundo adulto.
- Vai ler um livro! Vai ver os livros da escola! - mas como? se já tinha visto tudo, mais do que uma vez, e até já tinha feito algumas fichas de trabalho. Não queria ler, queria estar ali a aprender tudo, a ver como se fazia. E no dia seguinte, também queria ir.
Não conseguia dormir, acordava vezes sem conta durante a noite. E, há hora de acordar, estava a dormir que nem uma pedra.
5h da manhã, hora de acordar.
Custa um pouco no início, mas depois passa o sono e a ânsia de ir para as vindimas é tanta que até me esqueço do sono e da noite mal dormida.
A vinha fica no meio da serra. É ainda noite quando chegamos. Está nevoeiro. Mágico.
Perco-me um pouco na paisagem, e nem dou pelos trabalhos começarem. Esqueci um pouco a vindima, nem ouço as cantorias para aquecer a alma. Estou longe, bem longe, daquele lugar.
- C. então não vens ajudar? - ouço a minha mãe dizer.
Corro a buscar um cesto pequenino, pego na tesoura de poda e lá vou eu aprender.
A meio da manhã, já tinha apanhado dois cestos, pois entretinha-me mais a ver os outros a trabalhar do que propriamente a apanhar as uvas.
O almoço era quase sempre carne frita com migas de batata ou de pão, salada de tomate.
Depois de almoço, dormia a sesta, e quando acordava já estava quase tudo apanhado para aquele dia. No dia seguinte havia mais.
E assim era durante quase uma semana.


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