sexta-feira, 9 de outubro de 2015

À espera do "Jaquim"

Ele é nas notícias no rádio, na televisão, em conversas banais de encontros matinais no serviço, ou até no bar. "-Então já estás preparada para receber o Joaquim?" "-Quem?" "-O furacão!" "-Ah o furacão? Pensava que era algum ex-deputado, presidente, ministro ou qualquer coisa parecida, a visitar o interior do país, no pós eleição, a questionar o porquê de não termos votado nele. Logo ele que nasceu cá, é o filho do tal, aquele que toda a gente fala e ninguém sabe quem é." "-Não é só o furacão!" "-Assim não dá graça. Era mais engraçado ser um Jaquim de carne e osso." Logo a minha mente começa a magicar o cenário ideal para receber o tal Jaquim, o tal dos ventos e tal... Vamos lá então. Tem que ser no meio do campo, árvores, muitas, muitas árvores, roupa estendida, o quê? Roupa no meio do campo? Oh pá cada um imagina o que quer! Continuemos.. Roupa estendida, um baloiço, uma mesa com uma chávena de chá em cima, um livro aberto e eu sentada num sofá. Parece mesmo um cenário de filme dinamarquês, só falta a neve. Saboreando o meu chá de frutos vermelhos, encontro-me sentada no sofá, sentindo a aragem fresca do fim de tarde. Ao lado, a roupa no estendal vai oscilando lentamente. Ao longe o céu vai escurencendo ferozmente, um negrume intenso que se vai chegando, chegando... O livro aberto em cima da mesa, folheia-se sozinho. Relâmpagos cruzam o céu em ziguezague, iluminando intensamente o final de tarde obscuro. As primeiras pingas começam a cair, o vento sopra cada vez mais forte, remexendo tudo à sua passagem, ervas, folhas, árvores, a roupa no estendal que se enleia uma na outra, criando um novelo de roupa, eheh isso é que calça, camisa, peúga e cueca enrolada. O baloiço range, um barulho ensurdecedor que nos deixa desorientados. O vento cada vez mais forte, a chuva que cai intensamente, levantando um véu de desabamento mesmo à nossa frente, tal e qual cascata do Niagara. Não pode ser? Pronto, está a chover intensamente e eu toda encharcada. Esta é a parte que mais gosto. Enquanto passa por nós, o Jaquim marca-nos, a nós e ao meio ambiente... E passou, passou, passou e eu encharcada que nem um pinto. Agora se fosse um Jaquim de carne e osso,aiai....isso fica só para mim, ou então cada um/uma imagina o que quer, eheheheh

Sem comentários:

Enviar um comentário