terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mercado de Inverno

A noite de ontem correu muito bem.

Saber que o "Precious" Gonzalez está de volta a Portugal, é fantástico.

Durante alguns anos, não era sacrificio nenhum ver um jogo do FCP (meu eterno rival).

Sim, sou Benfiquista ferrenha, ranhosa, e outras esquisites tais. Mas o que querem, o belo jogador portista chama por mim. "Quem me dera!"

Houve uma altura que até usei o cabelo como na foto em cima e tudo eheheheh.
"El Comandante" eu deixava, eu deixava que ele comandasse tudo.


Só tive pena que não viesse para Lisboa, para o meu Glorioso.

E por falar em Glorioso "Oh Jesus, o Djaló??"´

Eu percebo, o meu Jesus ficou comovido pela esposa do menino dizer que não tinha dinheiro para comer, e fez uma obrinha de caridade e colocou "o pão" no prato "floribiano".

Agora imaginar imagens destas no meu relvado Glorioso, é melhor não!!
E saber que pelos bancos Gloriosos irá passar o traseiro da Luciana "Floribela" com a sua chunguisse, é pavoroso.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pode o céu desabar um dia, e ficar a rir-se???
Pode!
Pode uma palavra doer mais que um estalo???
Pode!
Pode a tua ausência, "matar-me"???
Pode!

domingo, 29 de janeiro de 2012

My Sweet Angel


No alto te refugias
Observas o meu viver
Amamo-nos no silêncio
Amar demais, sofrer!

Viverás eternamente
Eternamente no meu ser
Um Anjo e uma Orquídea
Amar até morrer!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

27 de Janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Um filme que retrata as atrocidades do holocausto.

Por mais doloroso que seja ver, presenciar, conta uma belíssima história de amizade entre dois inimigos mortais, que um piano juntou.

É doloroso relembrar, mas nunca o poderemos esquecer.

1ª vez

Ontem foi a minha 1ª vez.
A expectativa do encontro, a troca de olhares, o desejo deixou-me um pouco nervosa. Arranjei-me o melhor que pude, não queria causar má impressão. A 1ª imagem é a que fica guardada para sempre.
Como seria a sua reacção à minha chegada?
A hora chegou. Enquanto me dirigia ao seu encontro, o frio passou, o ar foi ficando abafado, senti tonturas até (seria fome?). A sua imponência deixou-me espantada. Quando entrei nele (esperem lá! entrei nele?? não é mais ele entrar em mim???) ..acordei! Que chatice!
Ao chegar ao Centro de Saúde pela primeira vez como utente. Era disto que eu estava a falar.
Fiquei a saber que pertenço ao Agrupamento Portus Alacer (um dos primeiros nomes da actual Portalegre). Foi tão bem recebida pelo colega administrativo que era capaz de lá ficar toda a tarde a ser atendida vezes sem conta. Mas passemos à frente! Encaminhada para a sala de espera, quando lá cheguei já tinha cinco senhoras à minha frente. Sentei-me, puxei do livro que levei para ler "O Livro" de José Luís Peixoto e aguardei a chamada para ir à sala de enfermagem para a primeira triagem.
Fiquei a saber que peso 53kg (balança amiga), o perímetro abdominal está abaixo do normal (a barriga é tão pequenina que quase nem se vê, eheheh), a tensão é 92/53 (baixinha), mas também não sou alta, que deveria ter visto o meu ginecoligista mais uma vez o ano passado, ter livro de saúde da mulher. Alto lá! O livro não tenho, pois a última vez que tive consulta de planeamento familiar, ainda as consultas eram no antigo edifício e nem livros haviam, era solteira, airosa e pesava 43kg.
De regresso à sala de espera verifico que a mesma já se encontra cheia, mas lá consigo arranjar uma cadeira a meio da sala. Antes de começar a ler, dou uma vista de olhos pela sala e verifico que todas, sim TODAS as mulheres estão de volta dos telemóveis, sms para aqui, sms para ali, sorrisos parvos nas caras. Ninguém fala com ninguém. Ao menos eu trouxe um livro.
Quando chegeui ao consultório médico, estranhei a cara desconhecida que estava à minha frente. Não era a minha médica de família, não podia ter mudado assim tanto nos últimos, quê? 17/18 anos?? Se dúvidas ouvessem assim que abriu a boca e saiu um sotaque espanhol vi logo que não me tinha enganado.
"Está nervosa?"
"Um pouco."
"Não esteja, senão assim ainda dói mais."
"Estou habituada ao meu ginecologista, só por isso é que estou um pouco nervosa." Não sei se a dr.ª neste momento ficou aborrecida, zangada ou furiosa, pois ao tentar calçar as luvas, rompeu-as, o aparelho que iria servia para me inspecionar deixou-o cair, partiu qualquer coisa e teve que abrir outro. E eu entrei em pânico. A mulher vai observar-me até à garganta! Com a zanga que me tem, só pode. Nada senti. Quando o exame acabou só me disse que tinha um colo muito bonito, nem parecia que tinha tido dois filhos. Ao menos isso! E pensei: "O meu ginecologista nunca me disse isto!" e saí.
Fiquei fã do meu Centro de Saúde. Irei lá voltar mais vezes durante este ano.
Até estou a pensar abrir um clube de fãs no facebook. eheh.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

24-01-2000 - 12:33h

Este foi sem dúvida o mais doloroso, mas ao mesmo tempo o melhor dia da minha vida.
As alterações do corpo ao longo dos 9 meses pouco me importaram, afinal engordei 22kg, mas a minha prioridade era o teu bem estar.
O dia estava como hoje, um sol de inverno lindo.
Quando te vi pela primeira vez, esqueci todas as dores, todos os medos. Os teus olhinhos, a tua carinha franzina, pesavas 2,970Kg em pouco mais que 46cm. A minha princesa!
Ensinaste-me que há um amor eterno, contra tudo e contra todos.
As histórias que eu te lia quando eras bebé, e ficavas a olhar para mim, o teu primeiro sorriso, o primeiro dente. Cheguei até ter ciumes da tua ama, por passar mais tempo contigo e por ser ela a presenciar muitas das tuas façanhas.
Os anos foram passando e tornaste-te numa menina linda, uma verdadeira princesa.
Ultimamente as coisas entre nós não andam bem, mas um dia perceberás que é para o teu bem.
Hoje é o teu dia e tenho muito orgulho em ti.
Feliz Aniversário!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Trancados em casa

"Ele tranca-me em casa!" (...)
Esta foi uma das frases proferidas por Stacy Keibler (quem???) acerca do seu namorado George Clooney.
Por mim até me podia trancar e deitar a chave fora e tudo.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Invisível

O sol brilha intensamente nos teus olhos.
Olhar triste, vazio.
Ao longe, escondida entre a multidão, observo-te. Tenho-te observado todos os dias, sei todos os teus rituais matinais.
Acordas cedo, e o caminho entre a cama e a banheira é dos mais belos bom dia que recebo. Observar o teu corpo despido, o seu contorno como se esculpido fosse, o desenho que mostra quando andas, soberbo! A escolha da roupa que vestir, a indecisão na gravata a colocar e observar a tua expressão no espelho. O café bebido à pressa, o andar apressado para o elevador.
Quando a porta do prédio se abre e sais para a rua, é o arco-íris que chega naquele momento. Sigo-te!
Até hoje acho que nunca deste pela minha presença. Todos os dias te sigo, escondida entre a multidão. Sinto o teu perfume no ar que fica quando passas.
Quando passas a passadeira, fico do lado de cá à tua espera, que acontece todos os dias no final da tarde. Nem mesmo aí, quando por mim passas lado a lado e os meus olhos te obervam intensamente, sentes a minha presença.
O pôr do sol de Inverno está magnífico. O dia esteve quente para a época. E mais uma vez cá estou do outro lado da passadeira à tua espera. Como sempre, olhas a multidão deste lado à espera de passar, o sol ilumina o teu olhar, triste, vazio. Quando avanças na minha direcção a aragem faz esvoaçar o teu cabelo, o teu olhar ilumina o meu dia, e o teu sorriso cansado traz ouro à minha vida. Quando chegas perto, desvias-te um pouco e sinto a tua respiração cansada a passar lado a lado comigo, o teu cheiro enebria o meu ser, e assim fico imóvel, parada, saboreando o momento. Momento esse que voltará amanhã.
Hoje o dia está diferente. As núvens ameaçam desabar a qualquer momento, o cheiro da humidade no ar faz adivinhar chuva a qualquer momento. Torna-se dificil nestes dias ver-te tão bem. Já te vejo ao longe, parado, à beira da passadeira. Olhas para o céu, abres a gola do casaco, fazendo com que tape o teu pescoço, a tua mão agarra fortemente a pasta e na outra o guarda-chuva a postos para ser aberto. Já vens a passar na passadeira, quando as primeiras gotas teimam em cair. Guarda-chuvas abrem-se em todas as direcções, por momentos deixo de te ver. Os meus olhos começam a percorrer todas as direcções, todas as pessoas que consegue alcançar. Tenho que te encontrar, hoje não posso perder o momento. O momento que me faz sonhar todas as noites, o momento que me faz acordar todos os dias.
Perdi-te! Não pode ser! Não te posso perder, não te quero perder!
Olho em todas as direcções e nada. Como te posso ter perdido?
Concentrar! Tenho que me concentrar. Fecho os olhos e tento imaginar o percurso que fazes na minha direcção. Deixou de chover? Que bom! Pode ser que ainda consiga ver-te.
Abro os meus olhos e aqui estás mesmo à minha frente a olhar para mim. Não tinha deixado de chover. O teu guarda chuva cobre-nos. Olho para ti, nada consigo dizer. Tu não podias estar aqui, como estás aqui? Nunca olhas para mim, nem devias saber que eu existo e agora estás aqui à minha frente?
Vejo os teus olhos brilhar, um brilho de arco-íris. E o teu sorriso, lindo!
Tento afastar-me, mas a tua mão segura o meu braço, impedindo-me de fugir.
Chove torrencialmente. A rua está quase deserta e nós debaixo de um guarda-chuva, molhados, a sorrir e a olhar um para o outro sem nada dizer, simplesmente sentir. Sentimentos profundos!
Não sei quanto tempo ali ficámos. A chuva entretanto parou. Fechas o guarda-chuva e sorris. Sinto o cheiro do teu perfume tão intensamente. A tua face, o teu olhar fica cada vez mais perto do meu. Os teus lábios passam levemente pelos meus, em direcção ao meu ouvido:"Hoje quero continuar o que tenho sonhado todas as noites!"
Aquela era a frase que eu tinha que dizer, não ele.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Simple Minds - Belfast Child



Uma recordação maravilhosa.
O que este grupo fez na minha adolescência!!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

The Cure no Optimus Alive


The Cure no Optimus Alive!!

The Cure no Optimus Alive!!

Fiquei.... UUUAAAAUUUUU!!!

Robert Smith!!!

"Kiss Me Kiss Me Kiss Me"!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Viroses

Pelos vistos a virose blogueira chegou à minha "casa",
Não consigo comentar os blogues que habitualmente visito, e alguns nem os consigo visualizar.
Estou por aqui e tento visitá-los, mas o virus está a ficar cada vez mais potente.
Tenho que "morder" alguns pescoços extra, eheh.

Socorro, tenho uma filha adolescente

Hoje estou angustiada, triste. Uma tristeza tão grande que assola a minha alma, o meu ser.

Acho que não fui uma adolescente problemática. Ter ficado sem pai muito cedo (tinha 5 anos) fez-me crescer. Também os tempos eram outros.

Comecei a fumar tinha 13 anos, bebia a minha cervejinha por volta dos 15 anos. Comecei a namorar com o meu marido, tinha 15 anos. Tirando estes estados precoces, fui uma adolescente normal, acho que normal até demais.

Chegar agora aos 37 anos, ter uma filha com quase 12 anos (24 Janeiro) que nunca me deu trabalho até à coisa de 6/7 meses atrás. É excelente aluna, com média de 4+ (entre 1 e 5), mas entrou na fase da parvoice, responde aos professores, pensa que já é "senhora" do seu nariz, faz a vida do irmão (3 anos) num inferno e por arrasto a minha também.

Sempre fui e sou uma mãe preocupada com o bem estar dela, tento dar-lhe quase tudo o que ela necessita, atenção, tempo de qualidade. Por vezes não tem mais pois ela é que se vai afastando. Sei que é uma fase confusa, o despertar das paixonetas, a rivalidade com as colegas, o tentar ser das melhores nos estudos.

Sempre lhe ensinei a ser uma boa menina, respeitar os mais velhos, ser obediente, agradecer, até lhe "perdoo" o facto de não gostar de ler, mas não percebo estas atitudes. Ajudo-a nos estudos, mesmo que não saiba tento informar-me, principalmente a matemática.

Não sei mais que fazer.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Foto Nova

Para contrariar o "bandido" do bloguer que já que me "rapinou" a foto de perfil, coloquei uma foto nova, disfarçada de turista numa prova de motos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Beleza Perfeita

"De aparência delicada, sensíveis, caprichosas até, as orquídeas exigem um dono à altura, que as cubra de mimos e atenção, mas na dose certa porque o excesso de zelo também as faz murchar...


Precisam de muita luz, mas não directa, de água, mas não demais - é preciso mergulhá-las em água semanalmente mas escorrê-las tão bem que sobre apenas humidade.


Aos que se provem capazes destes desvelos elas recompensam com uma beleza etérea capaz de comover o espírito mais empedernido." in Activa - Agosto 2011




É tão fácil "mimar-me"!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Aulas de Espanhol

"Mãe, hoje aprendi umas letras espanholas."
"Que bom! E o que aprendes-te?"
"É um boneco espanhol, uma casa espanhola,..."

Assim é a aula de Espanhol, imaginada pelo meu filho na pré-primária.
Mas feliz pois já sabe falar espanhol, eheheheh.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Lua Nova

Por uma só noite.
Por uma noite me queria perder em teus braços, sentir a força possante do teu ser.

Perco-me na noite
Envolta pelo nevoeiro
Procuro a tua presença
Sinto o teu cheiro

Deambulo sozinha por entre o espesso arvoredo. Sei que estás aí, sinto-te.
Procuro-te incessantemente.

Percorro caminhos desconhecidos, caminhos que sei que me levam a ti.

Sento-me perto de um riacho, sinto o fresco da madrugada, da água a correr. A lua nova não deixa visualizar nada. Não sinto medo. Sei que estás perto.

A tua mão acaricia suavemente a minha face. Fecho os olhos. Sorrio ao sentir a tua presença.

Sentas-te perto de mim. A tua mão acaricia o meu cabelo. Os nossos lábios tocam-se suavemente. Deitamo-nos sobre a folhagem. Sinto a tua mão acariciar o meu pescoço, descendo até ao peito. Encontro os teus olhos, sorris. Os teus lábios, a tua língua fazem o mesmo percurso que a tua mão tinha feito. Não quero que acabe. Intensamente sinto os teus lábios em meu peito.

A tua mão vai descendo pela minha barriga, suavemente. Suspiro. O meu corpo move-se um pouco. Sinto o meu corpo arder de desejo. Desliza suavemente até não ter mais onde deslizar. Páras. Os nossos olhos encontram-se mais uma vez. Sinto a tua mão rodar a minha anca, segurar a minha nádega forte. O outro braço passa pelo meu pescoço. Beijamo-nos. Pegas em mim ao colo e dizes baixinho :"Um dia..."

Encosto a minha cabeça no teu peito, os meus braços envolvem o teu pescoço e seguimos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Notícias do Covil Vampiresco

Habitualmente o mês de Janeiro serve para fazer o balanço do ano transacto, e o covil dos vampiros não foge à regra.

O nosso Grão-Mestre (onde é que eu terei ouvido esta palavra maçónica?) confirmou o que há muito a gente sabia pelo árduo trabalho de escolher o melhor pescoço, ai, quer dizer o melhor braço, foi o melhor ano de sempre. É como na viticultura.

Não podemos deixar de agradecer aos amigos pardais, que muito contribuíram para esta excelente produção. Agradecer também ao IPS por nos ter "oferecido" algumas brigadas que eles faziam no Alentejo.

Com a alteração das taxas moderadoras não sabemos como será daqui para a frente. Por agora ainda não notámos muita diferença.

Daqui a uma semana iremos ter nova remessa de pardais para lhe poder acariciar a jugular, visualizar a excelente forma física, o bombear do coração, ai ai nada disso.

Fazer a medição da hemoglobina e da tensão arterial, peso e nada mais, ohhhh, nada mais.

Esperemos que seja tão bom como o anterior, senão os vampiros ainda viram vegetarianos, eheh.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dia de Reis




Hoje é dia de Reis.

Por cá petisca-se o bolinho acima exibido. Uma delícia!

Também se come uma romã e guarda-se a sua coroa. Coisa que eu me esqueço sempre de fazer, eheh, quando me lembro já as cascas estão no lixo, por isso nunca tenho dinheiro.

É dia de desmanchar a árvore de Natal. Os enfeites para um saco, as fitas para outro, e o pinheiro artifical para dentro da caixa até Dezembro. Ah as luzes também as guardo no saco das fitas.

Por vezes deixo um pequeno enfeite para nos lembrarmos do espírito natalício durante o resto do ano.



Em Espanha há entregas de prendas.
Eles é que são espertos, aproveitam os saldos para as compras.


Por uma estrela são guiados
Para encontrar o Menino
Não passem é cá por Portugal
Que o Governo rouba de mansinho


Baltazar que trazes ouro
Não publicites muito a tua fortuna
Cai-te o (Vítor) Gaspar em cima
Dá-te cabo da coluna


Belchior com a tua mirra
Deixa o Macedo em sofrimento
Coloca o Infarmed na miséria
Vai para a Holanda fazer medicamentos


Gaspar com o teu incenso
Dá-lhes logo uma grande "mocada"
Defuma bem o nosso Governo
Acaba depressa com esta macacada

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Memória

Agoniza a dor que do meu peito exala.
Memórias!
Nos meus dias sobrevivo das memórias do que passei.
Nesse tempo existias tu, existia o teu ser, o teu corpo, o teu carinho, o teu amor.
E agora? O que existe agora?
Memórias que doem e que ao mesmo tempo me fazem sorrir.
Eternamente existiremos!!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Um Delírio XXV

(continuação)

Decidi não contar a Ana Maria o que se tinha passado, não a queria assustar.
Já tinham passado catorze dias desde que tinha saído de Lisboa e nunca me tinha apercebido que houvesse alguém a vigiar-me. Sempre andei de um lado para o outro, as conversas não tinham sido às escondidas, os encontros também não, não havia nada de anormal que me fizesse suspeitar que tais pessoas também viajassem para África. Que iriam lá fazer?
No dia seguinte era o dia da chegada a Angola. Para onde iria? O que me iria acontecer? Agora sabia que iriam estar sempre a vigiar-me, já não sentia a liberdade como tinha sentido nestes últimos dias, como tinha sentido em toda a minha vida. Adormeci...
A azáfama da chegada fez com que toda a gente andasse atarefada. O arrumar dos quartos onde tinham ficado, as roupas, as despedidas antes da chegada, a chamada dos militares para lhes indicarem para onde se deveriam dirigir quando desembarcassem. E eu? Para onde iria?
Fui procurar Ana Maria.
Encontrei-a debruçada sobre a proa. O vento quente ondeava o cabelo loiro. O vestido cintado desenhava o seu corpo formoso. Fazia sonhar qualquer homem, imaginar uma mulher assim a nosso lado. Mas para mim Ana Maria era como uma irmã. Intimamente tinha jurado protegê-la e levá-la sã e salva para casa.
"- Estás aí, José?"
"- O quê? Ah sim, andava à tua procura."
"-Já me encontras-te! Anda aqui para o pé de mim. Quero estar a teu lado quando avistarmos Angola."
"-Acho que ainda faltam algumas horas."
"-Não faz mal. Quero ficar aqui contigo um pouco."
Será que o tal homem também "visitou" Ana Maria?? Não lhe podia perguntar nada, não a queria preocupar. Tinha que aguardar que ela me dissesse alguma coisa. Ficámos a conversar coisas banais da nossa infância, juventude. Conhecermo-nos mais um pouco.
À medida que chegávamos mais perto de Luanda, o tempo foi ficando escuro. As nuvens sobrecarregaram o céu fazendo adivinhar uma tempestade tropical como já tinha ouvido dizer a alguns tripulantes do navio. A temperatura continuava alta. Esta mudança no tempo quase que era um prenúncio de como iria ser a nossa vida em Angola.
"-Ana Maria é melhor irmos para dentro."
"-Não! Vamos ficar aqui. Quero ver tudo, quero sentir a chegada nem que seja à chuva."
"-Vamos para dentro!"
"-Por favor José fica aqui comigo!"
Senti a mão de Ana Maria segurar a minha, puxando-me para junto dela. Os nossos olhos encontraram-se. Encontraram-se de uma maneira especial. Ela chegou-se mais perto, o seu corpo tocou o meu, senti a sua respiração perto de mim.
"-Fica!"
Encostou a sua cabeça no meu peito e ficámos assim os dois a presenciar a chegada a terra. À medida que nos fomos aproximando a chuva teimou em cair cada vez mais forte, mas nenhum de nós se moveu. Abracei-a mais um pouco para sentir o seu corpo bem perto do meu.
"-Não te preocupes, irei proteger-te enquanto aqui estivermos."
"-Eu sei Ana Maria. Mas só como amigos."
Ela desviou-se um pouco, olhou para mim e disse: "-Amigos!".

Quando o navio atracou, cada um voltou ao seu quarto para ir buscar as malas.
Combinámos encontrar-nos no início das escadas antes da descida. Mas quando ia a sair do quarto, vi o mesmo homem do dia anterior. Dirigia-se para mim. Entregou-me um envelope. "-Dirige-te a esta morada e entrega este envelope, estará lá alguém à tua espera. Não te esqueças!" e seguiu.
Será que aquela gente nunca mais me iria deixar sossegado?
Quando cheguei perto de Ana Maria ela notou que algo que não estava bem. Disse-lhe que estava nervoso com toda esta novidade e descemos as escadas.
Tinha chegado a África, Angola. Tinha chegado não para uma, mas para duas guerras.

(Continua)