(continuação)
Uma calma tão profunda inundava o meu ser. O meu coração parou de bater! Só pode ter deixado de bater, morri e encontro-me no céu. Que outra explicação!
Fui enganado. Fui enganado pela mulher que mais amava. Pela mulher que jurei a seu pai, amar por toda a vida, respeitar e honrar. E o que fazia ela?? Tudo menos respeitar e honrar-me.
O riacho corria suavemente. Uma leve brisa fazia ondear o arvoredo circundante. As primeiras folhas caiam sobre a vegetação verde, que serpenteava o riacho, que tantas vezes tinha servido para nos refrescar na vinda da lida do campo. Era sobre aquele pasto verde, que me deitava a observar o céu. O sol passava por entre a folhagem. Por vezes as nuvens interrompiam tal beleza.Era assim que queria recordar aquele local.
Um dia voltarei, mas agora o mais sensato é ir embora.
O que dizer aos meus pais? O que dizer aos pais da minha noiva?
O caminho para casa foi penoso, doloroso. Daria um desgosto à minha mãe; o meu pai nada diria, mas iria sofrer por dentro. Mas iriam compreender. Não poderia ficar nem mais um dia.
Ao chegar a casa, esta encontrava-se vazia. Na cozinha a mesa com um cesto de fruta. À direita a pequena chaminé, onde fogueava já os chamiços para preparar o jantar. À esquerda, a pequena máquina de costura de minha mãe, com alguns tecidos perto, tecidos esses que seriam para a minha futura casa.
Entrei apressado no meu quarto. A cama encontrava-se delicadamente arrumada. No pequeno cesto de verga, que servia de mesa de cabeceira, encontrava-se um retrato de meus pais.
As mãos tremiam ao pegar no retrato. Segurei-o junto ao meu coração e chorei.
"- Perdoem-me! Só vos peço perdão. Um dia voltarei."
Tirei a pequena mala debaixo da cama, coloquei duas, três mudas de roupa, um casaco e no cimo a foto dos meus pais. Ao fechar a mala, senti o meu coração bater mais rápido como se quisesse saltar do meu corpo.
"- O que estou a fazer!!"" - gritei.
Saí e fechei a porta.
Na sala, procurei o pequeno livro de apontamentos da minha mãe.
As mãos tremiam, os pensamentos saiam tão rápidos que não conseguia escrever nada.
Respirei fundo.
" Queridos pais.
A dor que assola o meu corpo é tão grande que antes que cometa a maior loucura do mundo e os deixe envergonhados, prefiro ir embora.
O noivado terminou. A noiva encontrou outro pretendente, que a faz mais feliz. Não esperou que eu a fizesse.
Voltarei um dia.
Perdoem-me.
Amo-vos muito"
Colocou o bloco em cima da mesa da cozinha e saiu.
Pegou na mala e seguiu pelo caminho até à estrada. Não olhou para trás.
As lágrimas corriam pela face, não o deixando ver o caminho. Um caminho que não tinha volta. Não agora.
"- Olá José, vais a algum lado?"
"- Viva sr. Meireles. Vou para Lisboa."
"- Lisboa? Então não casas daqui a poucos dias?"
"- Já não."
"- Entra que eu dou-te boleia!"
O caminho até Lisboa foi longo. Estávamos no fim do verão e as nuvens que passeavam pelo céu, escureceu-o bem depressa.
(continua)
Fui enganado. Fui enganado pela mulher que mais amava. Pela mulher que jurei a seu pai, amar por toda a vida, respeitar e honrar. E o que fazia ela?? Tudo menos respeitar e honrar-me.
O riacho corria suavemente. Uma leve brisa fazia ondear o arvoredo circundante. As primeiras folhas caiam sobre a vegetação verde, que serpenteava o riacho, que tantas vezes tinha servido para nos refrescar na vinda da lida do campo. Era sobre aquele pasto verde, que me deitava a observar o céu. O sol passava por entre a folhagem. Por vezes as nuvens interrompiam tal beleza.Era assim que queria recordar aquele local.
Um dia voltarei, mas agora o mais sensato é ir embora.
O que dizer aos meus pais? O que dizer aos pais da minha noiva?
O caminho para casa foi penoso, doloroso. Daria um desgosto à minha mãe; o meu pai nada diria, mas iria sofrer por dentro. Mas iriam compreender. Não poderia ficar nem mais um dia.
Ao chegar a casa, esta encontrava-se vazia. Na cozinha a mesa com um cesto de fruta. À direita a pequena chaminé, onde fogueava já os chamiços para preparar o jantar. À esquerda, a pequena máquina de costura de minha mãe, com alguns tecidos perto, tecidos esses que seriam para a minha futura casa.
Entrei apressado no meu quarto. A cama encontrava-se delicadamente arrumada. No pequeno cesto de verga, que servia de mesa de cabeceira, encontrava-se um retrato de meus pais.
As mãos tremiam ao pegar no retrato. Segurei-o junto ao meu coração e chorei.
"- Perdoem-me! Só vos peço perdão. Um dia voltarei."
Tirei a pequena mala debaixo da cama, coloquei duas, três mudas de roupa, um casaco e no cimo a foto dos meus pais. Ao fechar a mala, senti o meu coração bater mais rápido como se quisesse saltar do meu corpo.
"- O que estou a fazer!!"" - gritei.
Saí e fechei a porta.
Na sala, procurei o pequeno livro de apontamentos da minha mãe.
As mãos tremiam, os pensamentos saiam tão rápidos que não conseguia escrever nada.
Respirei fundo.
" Queridos pais.
A dor que assola o meu corpo é tão grande que antes que cometa a maior loucura do mundo e os deixe envergonhados, prefiro ir embora.
O noivado terminou. A noiva encontrou outro pretendente, que a faz mais feliz. Não esperou que eu a fizesse.
Voltarei um dia.
Perdoem-me.
Amo-vos muito"
Colocou o bloco em cima da mesa da cozinha e saiu.
Pegou na mala e seguiu pelo caminho até à estrada. Não olhou para trás.
As lágrimas corriam pela face, não o deixando ver o caminho. Um caminho que não tinha volta. Não agora.
"- Olá José, vais a algum lado?"
"- Viva sr. Meireles. Vou para Lisboa."
"- Lisboa? Então não casas daqui a poucos dias?"
"- Já não."
"- Entra que eu dou-te boleia!"
O caminho até Lisboa foi longo. Estávamos no fim do verão e as nuvens que passeavam pelo céu, escureceu-o bem depressa.
(continua)
Quando é que imprimes td? Assim perco-me...
ResponderEliminarEstimada Comadre Carlota,
ResponderEliminarMais um maravilhoso episódio que me deixou arrasado.
Adorei, e novamente meu pensamento recuou até ao ano de 1964, mas nada disse a meus pais.
Quis o destino mudar meu rumo.
A admiro imenso pela sua criatividade e ser uma óptima romancista.
Pense, depois de terminar o romance o mandar publicar em livro, teria sucesso garantido.
Um abraço amigo, e cá fico aguardando e desenlace.
MJ minha doce Amiga.
ResponderEliminarPara si, vou enviar mail com tudo bem arrumadinho.
Caro Compadre.
ResponderEliminarJá lhe disse uma vez, não quero que o meu "Delírio" lhe traga recordações tristes, senão já não o continuo.
Vai entrar numa fase de guerra em África, para a qual tenho pesquisado algumas coisas, pois embora seja de imaginação minha, quero escrever coisas verdadeiras, como datas, alguns factos conhecidos de toda a gente, pois como sabe pela minha idade, não "vivi" a guerra.
Começo a pensar um pouco mais seriamente em juntar tudo, estruturá-lo e tentar publicar. Claro que ninguém ficará interessado e ficará guardado na gaveta para os netos lerem, ehehehe.